Um procedimento básico antes da restauração



Um recurso muito interessante que nós conservadores/
restauradores usamos para analisar uma obra de arte antes de restaurá-la , é a luz ultravioleta . Com ela vemos as intervenções posteriores que a pintura ou escultura pode ter sofrido . É um procedimento comum que às vezes nos deixa bastante surpresos .

Criada durante a Segunda Guerra Mundial, pelo inventor americano, Philo Farnsworth (1906-1971), considerado o pai da televisão, a luz ultravioleta tinha a intenção original de melhorar a visão noturna e também costuma ser utilizada para identificar falsificações em documentos ou cédulas de dinheiro .

Quando olhamos uma tela reparamos nas cores , no desenho , nos envolvemos com a pintura e normalmente não conseguimos enxergar o que é original e o que foi alterado .

Com a luz ultravioleta às vezes podemos detectar até assinaturas falsificadas e mudanças drásticas na pintura , não feitas pelo o artista . Muitas tintas atualmente contém fosforosos que brilham sob a luz ultravioleta , enquanto que a maioria das tintas antigas não . Assim como as massas de nivelamentos dos restauros anteriores .

Aqui temos um exemplo de um detalhe de uma tela de Benedito Calixto ,  como a vimos normalmente e com a luz ultravioleta :

Foto com luz do dia (Mariana Giurno)


 Foto com luz ultravioleta (Mariana Giurno)

Em uma sala escura a luz ultravioleta é colocada sob a pintura , podemos ver manchas mais escuras , onde certamente foi alterada a camada pictórica original . Com este diagnóstico feito , conseguimos fazer a limpeza da tela de um modo mais preciso , retirando primeiramente a sujidade , o verniz oxidado e depois as repinturas,  sabendo exatamente onde estão .



Agora que vocês sabem disto , não dá uma vontade de sair por aí , indo em todas as exposições de arte com uma luz ultravioleta portátil no bolso ?



Uma obra de Giotto sendo analisada com luz ultravioleta :