A Arte Contemporânea



Detalhe da tela de Isabelle Tuchband


Restaurar uma obra de arte contemporânea às vezes é mais complicado do que uma bem antiga. Simplesmente pelo fato que a antiga normalmente foi feita com técnicas de pintura adequadas e a ação do tempo já estabilizou os materiais utilizados.

Na arte contemporânea o artista tem a mentalidade de experimentação de técnicas e materiais novos, visando a produção de outros significados. Essa liberdade da arte faz com que nós restauradores precisemos estudar sobre o artista, como é feito seu trabalho, a linguagem que utiliza, o seu significado, e identificar os materiais para que não seja alterada a idéia que a imagem quer expressar.

Recentemente recebi para limpeza e conservação uma tela de uma famosa artista plástica contemporânea, e me surpreendi com os vários materiais utilizados. Desenho feito em carvão, pintura em aquarela, vários tipos de tinta acrílica, e um verniz não adequado sobre algumas partes.

Pesquisando sobre a artista e conversando com a simpática dona da obra, consegui achar o limite entre o restauro e a conservação da obra. Não dá para se saber exatamente o processo da criação de uma obra,  se foi alterada ou não pelo mesmo artista, ou se sofreu intervenção posterior por outras pessoas. No caso desta obra específica, o verniz utilizado sobre o carvão é que me fez pensar se essa interferência foi posterior. O traço do carvão borrou por baixo do verniz na hora que aplicaram, provavelmente com pincel.

Como toda obra de arte tem uma história, essa também guardava um pedaço da vida da artista, e a proprietária da tela determinou a não retirada deste verniz, conservando a obra no estado em que ela a recebeu.

Ter a certeza de não interferir erradamente numa obra de arte cabe ao bom senso do restaurador. Pesquisar e ter o maior número de informações possíveis sobre a obra é fundamental para um bom restauro e conservação.