Centenário do artista Naïf Antonio de Oliveira


13 de Junho de 2012 - 07:00

Artista naïf, Antônio de Oliveira faria 100 anos

Para marcar a data, família restaura uma das obras do mineiro de Belmiro Braga, que criou brinquedos e peças conhecidas principalmente no Rio de Janeiro

Por BRUNO CALIXTO
























Antônio de Oliveira com a reprodução de uma plataforma de petróleo, restaurada (abaixo) recentemente





                  durante o processo de restauro  

O mineiro Antônio de Oliveira é considerado um representante da arte naïf. Desde os 6 anos, começou a esculpir carrinhos de bois e outras peças com as quais brincava. Seu trabalho rompeu as fronteiras da antiga Vargem Grande (hoje Belmiro Braga) e foi parar no Rio de Janeiro. Expôs no Museu Nacional de Belas Artes e no Morro da Urca, onde a mostra durou 12 anos, encantando gerações de crianças, que por ela passavam antes do passeio de bondinho. Nascido em 1912 e morto em 1996, o mestre em talhar a diversão em madeira faria 100 anos nesta quinta.

Sua história também ficou marcada no cotidiano de muitos adultos, seja por seu trabalho com concertos de móveis durante o dia ou pelas "esculturas" irreverentes executadas nas madrugadas. "Meu pai foi engenheiro, arquiteto, pedreiro, pintor, eletricista, encanador e tudo mais que for preciso para colocar uma casa de pé", define Vaneida Salgado, uma das nove filhas do "Menino do dedo verde", como era conhecido em Belmiro Braga devido ao livro homônimo de Maurice Druon.

"Tudo que ele plantava, nascia com fartura. Não satisfeito, ele se desfazia de um tipo de plantação por outra. Em um dia, o pomar era de mexericas, no outro, de abacates", completa Fabiana Salgado, neta do artista e filha de Vaneida. Ela é a proprietária da peça que, em homenagem ao centenário do artista, sofreu restauração e será entregue hoje. Trata-se da réplica da reprodução de uma plataforma de petróleo, cujo restauro foi feito pela artista plástica Mariana Giurno, pós-graduanda em preservação e análise de obras de arte. A réplica foi produzida por Antônio após a original ser vendida. "Ele tinha essa mania de refazer obras que vendia", diz Fabiana.

Empreendedor plural no ramo da cultura popular, Antônio assinou obras que podem ser apreciadas em espaços como o Museu Casa do Pontal, no Rio, onde se encontra o maior conjunto de suas peças. Em locais como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB/Rio), também é possível apreciar obras isoladas. "Seu trabalho, que reproduzia cenas do cotidiano no interior e marcos da história do Brasil e de Minas, foi bem maior que o acervo que se pode localizar hoje em dia. Ele próprio denominava seu conjunto de peças como sendo seu mundo encantado", completa a neta.

Fabiana observa que uma das peças mais conhecidas de Antônio é a "Escada da vida", em que "as fases da vida de um homem eram retratadas desde seu nascimento até sua morte, passando pelo exército, casamento e velhice". Em sua obra, também se destacam diversas peças motorizadas, tendo sido a primeira delas um moinho de fubá. Todos os mecanismos que faziam aquela magia acontecer eram feitos pelas mãos do artista. "As peças de Antônio possuem proporção e mecanismos de movimento idênticos aos reais, o que encanta os visitantes engenheiros", explica, por e-mail, João Albuquerque, um dos monitores do Museu Casa do Pontal.




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